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O cálice e o batismo


Está escrito: "Então se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o, e fazendo-lhe um pedido. E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino." (Mateus 20:20-21). Mãe é mãe mas vamos concordar que o pedido dessa senhora foi bem ousado, não é mesmo? Imagine só: os dois filhos sentados em posições de honra máxima para um ser humano, ao lado do Filho de Deus! Todos nós queremos o melhor para a nossa própria vida, e acho que isso é algo natural e aceitável; só não podemos cair no erro de esquecer que as conquistas mais preciosas são as que exigem sempre os maiores sacrifícios!

E a resposta do nosso Senhor Jesus nos aponta nesta direção

Cristo disse então: "Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Dizem-lhe eles: Podemos." (Mateus 20:22). Aquele pedido era grande demais! Acredito que o Mestre quis dizer pra eles assim: vocês não têm ideia do que representa o que vocês estão querendo e nem noção do caminho a ser percorrido para se chegar até lá! E logo em seguida faz duas perguntas determinantes: "Vocês podem beber o mesmo cálice que eu vou beber? Podem receber o batismo que eu recebi?" São questões que também se colocam para cada homem e mulher que se dispõe a seguir o Caminho para a eternidade com Deus. Mas que cálice é esse? Que batismo é esse?


Sobre o cálice, penso que ele representa o sacrifício a ser feito para cumprir a vontade de Deus. Quando estava no jardim do Getsêmani, momentos antes do início de seu cruel martírio, o Senhor orou usando estas palavras: "E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres." (Mateus 26:39). A figura do cálice a ser bebido está claramente ligada com a Sua morte na cruz; e Ele se ofereceu voluntariamente para cumprir o que o Pai queria, a despeito de todo o sofrimento que viria a passar. O Seu exemplo coaduna com o conselho que Ele nos deixou em Marcos 8.34: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me.". Quem quer segui-Lo, tem que abraçar a cruz; tem que beber o cálice! Você está pronto para fazer isso? Para renunciar as suas vontades pecaminosas, se afastar do que te faz tropeçar, perdoar quem te ofender, para se entregar de corpo, alma e espírito a Deus? "E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal." (2Coríntios 4:11).

Para alcançar a vida eterna, é necessário primeiro morrer para este mundo passageiro!

Lemos em Lucas 3.21-22: "E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu; e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo." Creio que esta é, no mínimo, uma figura do batismo com o Espírito Santo que o Senhor prometeu mais tarde a todos os crentes: "Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias." (Atos 1:5). Na altura em que a mãe de Tiago e João fez seu pedido, tal promessa ainda não tinha se cumprido. No entanto, completando a Sua resposta, o Mestre disse: "E diz-lhes ele: Na verdade bebereis o meu cálice e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado, mas o assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem meu Pai o tem preparado." (Mateus 20:23). Entendo que ali Ele profetizou a vida marcada pelos sofrimentos que os dois apóstolos viriam a ter e também a condição espiritual que receberiam para cumprir sua missão. Podemos basear esse entendimento nos fatos históricos sobre a morte de Tiago (que morreu à espada por ordem de Herodes) e a prisão de João na ilha de Patmos (onde recebeu a visão do Apocalipse). Somente pela presença do Espírito em sua vidas tais homens puderam suportar as provações que enfrentaram e produzir frutos para o reino de Deus. O exemplo que eles nos deixaram nos inspiram a também suportar as lutas do nosso dia a dia em defesa da nossa fé, buscando alcançar a glória na eternidade. Penso que não devemos nos preocupar com qual lugar vamos ocupar lá, como a mãe dos dois discípulos fez; apenas a esperança de desfrutar para sempre de uma comunhão plena com o Criador é mais do que suficiente para preencher toda a nossa alma. Mas tenha atenção: há um batismo a ser recebido e um cálice a ser bebido, dos quais não podemos abrir mão.

 
 

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