Nosso intuito ao refletir sobre o evangelho de Mateus pausadamente (quase 100% dos textos até aqui são referentes a ele) é tentar aprender mais profundamente o que Deus quis nos ensinar nas linhas e entrelinhas da Sua Palavra. Levando em conta o fato de que jamais seremos capazes nem de longe de absorver toda a revelação, ainda assim devemos buscar amadurecer mais e mais, a cada dia: “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, (...)” (Efésios 4.12-13). Veja que grande tarefa nós temos! Para tanto, é preciso saber que há passagens que, para serem compreendidas mais claramente, precisam ser apreciadas dentro do seu contexto.
É exatamente isso que vamos procurar fazer agora
Leia com atenção este trecho da Bíblia: “Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros. Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E, ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça, e disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo. E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e perguntou-lhes: Por que estais ociosos todo o dia? Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo. E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros, até aos primeiros. E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um. Vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um dinheiro cada um. E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia. Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço agravo; não ajustaste tu comigo um dinheiro? Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? Assim os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” (Mateus 19.30 e Mateus 20.1-16). Perceba que o Senhor repetiu a primeira frase, dita antes da parábola, após a sua conclusão, apenas alterando a ordem das palavras “primeiros” e “derradeiros”. O que então significa que o primeiro será o último e vice-versa?
Dado o contexto (olha ele aqui de novo) em que o Mestre disse isto, penso que esta expressão quer dizer que, no final das contas, todos serão tratados por Deus com equidade: ninguém será avaliado fora daquilo que foi estabelecido desde o princípio. O pai de família combinou um salário com cada trabalhador; todos trabalharam e no fim do dia receberam o que fora acordado entre as partes. Creio que assim será conosco; quando chegar o fim da nossa existência neste mundo e vier o acerto de contas na eternidade, receberemos exatamente o que o Senhor nos prometeu. Ele disse: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16). Se alguém creu no dia da sua morte, vai receber a mesma salvação daquele que creu desde a infância. Para Deus não há diferença: “Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Romanos 10.12-13). Aqui também certamente há um alerta para aqueles que acham que, pelo tempo que servem ao Senhor, se sentem melhores do que os outros:
como o pai de família não considerou o tempo de trabalho, mas sim o seu acordo com os trabalhadores na hora de pagá-los, assim também o Senhor não vai privilegiar alguém por conta da quantidade de seu serviço, mas sim segundo a Sua Palavra
Logo, ninguém é melhor que ninguém. Encerrando por aqui esta mensagem, gostaria de propor a você uma reflexão: como você tem se comportado diante dos seus irmãos na fé? Pense especialmente sobre o seu relacionamento com os mais novos na caminhada cristã. Você tem dado bom testemunho? Sua postura é humilde ou arrogante, sinceramente? A Palavra do Senhor nos orienta assim: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” (Romanos 12.10). Não se considere melhor do que os outros e trate a todos com o amor e a dignidade que merecem. Aos olhos de Deus, cada alma tem o mesmo valor. Cuide da sua e não despreze a do seu próximo!
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