Está escrito: "E aconteceu que, concluindo Jesus estes discursos, saiu da Galileia, e dirigiu- se aos confins da Judéia, além do Jordão; e seguiram-no grandes multidões, e curou-as ali." (Mateus 19.1-2). Os "confins" significam os limites de um território e também denotam a qualidade de um lugar de ser afastado, distante, de difícil acesso. Como diriam os interioranos, é o cafundó do Judas, o lugar onde ele perdeu as botas, lá no caixa prego. A Palavra nos diz que Cristo foi pra este lugar da Judéia e que muita, muita gente O seguiu.
A pergunta do título se faz necessária para cada um de nós: estamos dispostos a segui-Lo nos lugares ermos e isolados? Até onde vai a nossa entrega?
O mundo é grande e há vários formas de servir a Deus, em vários lugares diferentes. Com as pessoas vivendo cada vez mais conectadas, ao menos virtualmente, as possibilidades vão se multiplicando. Apesar disso, nossa tendência natural nos impele a fugir das dificuldades e do esforço e buscar o que será mais cômodo para nós. Sempre vamos desejar o "caminho das águas". Posso até dizer que o conhecimento deficiente da Bíblia Sagrada colabora com este nosso pensamento: somos atraídos para as promessas das bençãos de Deus e passamos a viver como se na Palavra só elas existissem; ignoramos os avisos, os exemplos dos que caíram, as advertências sobre a vigilância, a renúncia da nossa vontade, os apelos à dedicação e ao amor ao próximo, entre outras coisas. Por fim esta ideia deturpada adquire o poder de condicionar nosso serviço ao Senhor; se nos deixarmos levar por ela, só vamos querer seguir a Cristo dentro dos nossos próprios termos, com condições que a gente mesmo estabelece. Então, os papéis se invertem, ao menos na cabeça de quem age assim: o Senhor se torna o servo e o servo se torna o senhor. Absurdo, não é? Mas pode acontecer comigo e com você, basta dar as costas para o primeiro amor.
Em várias passagens, o Senhor Jesus nos ensina sobre qual deve ser o nosso pensamento sobre a obra de Deus em nossa vida, por exemplo: "Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra." (João 4.34); aqui também: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." (Mateus 7.21); e aqui: "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (João 6.38). Como imitadores d'Ele, precisamos ter em nós a mesma disposição de fazer a vontade de Deus e permitir que o Espírito Santo guie a nossa vida. Obviamente, tal disposição nos colocará em rota de colisão com o mundo e os desejos da carne, em todos os ambientes que a gente frequentar. Em casa, na escola, na igreja, na rua: haverá situações em que nós seremos tentados a provar se a nossa fé é de verdade ou não, decidindo obedecer ou negar os mandamentos de Jesus.
Nestes momentos temos a chance de praticar este conselho divino: "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens." (Atos 5.29)
E quanto a você, meu amado irmão e irmã? Você está disposto a contrariar a opinião dos outros e até a sua própria vontade para seguir a Cristo, até onde Ele te levar? Está pronto para aprender o que não sabe, fazer o que ainda não fez, ir até onde ainda não foi por causa do Mestre? Sua obediência é forte o bastante para te levar aos "confins da terra" junto com Jesus? Aliás, não foi esta a ordem que o Senhor deixou para os Seus discípulos? Vejamos: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra." (Atos 1.8). Quem serve ao Senhor Jesus está disposto a ir após Ele onde for. Até nos cafundós, onde Judas perdeu as botas, lá no caixa-prego, perto de onde o vento faz a curva. E é abençoado lá: "(...) e curou-as ali." (Mateus 19.2). A verdade é que quem serve, faz o que Deus quer; quem não serve, faz o que seu coração quer. Quem serve, vai; quem não serve, fica. E cada um dará conta de si mesmo no final! Abra os seus olhos para fazer a vontade de Deus em sua vida.
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