Às vezes me assusto com a nossa capacidade de ouvir um conselho que vai nos ajudar e então agir fazendo exatamente o contrário. Não é algo curioso? Chega ao ponto de ser irracional. Na igreja mesmo já testemunhei muitas situações como essa e cheguei a uma conclusão: muitas pessoas agem assim porque lidam com a fé com pouca ou até mesmo sem nenhuma objetividade.
Permita-me explicar melhor meu ponto de vista.
A fé é "o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem." (Hebreus 11:1). É uma certeza que carregamos no nosso interior, que em si mesma não pode ser vista, tocada, sentida por ninguém além de nós mesmos. Não posso ver sua fé dentro de você nem te pedir para que mostre a sua fé. Podemos dizer então que, por não estar ligada em si ao que é material e palpável, a fé é algo abstrato. Como o são o amor, a paz, a confiança, a esperança entre outros, cada qual com sua própria natureza e características. No entanto, a prática da fé não é algo abstrato. Pelo contrário, é objetivo, material e palpável. O nosso Deus, em Sua infinita sabedoria, nos chama a praticar a fé e não somente a dizer ou sentir que a possui. Aliás, é o exercício objetivo da fé que prova que ela é verdadeira, conforme lemos em Tiago 2.17-18: "Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras." Penso que aqui reside a dificuldade e a razão do fracasso de muita gente: até dizem que tem fé, mas não a praticam; logo, objetivamente tal fé é morta e não produz nenhum fruto.
Quantas pessoas você conhece que frequentam as igrejas mas vivem uma vida que nada tem a ver com a Bíblia? Que são assíduas nos cultos e escolas dominicais mas guardam mágoas, traem, mentem e se prostituem como se isso fosse a coisa mais normal do mundo? Quantos gastam anos da sua vida estudando a Palavra só para empregar o resto deles apontando o dedo para os outros, esquecendo-se dos seus próprios erros e das almas sofridas que dia a dia estão indo para o inferno? Seriam essas pessoas de fé? Podem até ser, mas não da fé bíblica. O Senhor Jesus alerta, dentro do contexto dos servos falsos e verdadeiros, que o que permanece firme é aquele "que escuta estas minhas palavras, e as pratica, (...)" (Mateus 7:24). Se você conhece a vontade de Deus mas não a executa, sua fé é morta e não te salvará. Simples e objetivo assim. Não adianta dizer que "tenho Deus no meu coração", "sou uma pessoa boa" ou "que Deus sabe quem eu sou" e nem que "tenho minha fé do meu jeito". Todos os nossos argumentos caem diante das palavras de Jesus: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama;" (João 14:21).
Quem ama, obedece. Ponto.
Não viva uma ilusão de fé. De que adianta saber cantar, dançar e até pregar se não viver o que está escrito na Bíblia? Avalie sua crença de maneira objetiva: tem seguido os mandamentos? Deus está inserido como uma prioridade na sua rotina? Sua fé é de blá-blá-blá ou você coloca a "mão na massa", orando, jejuando, meditando, ensinando, evangelizando, perdoando, amando, ofertando a sua vida? Deus nos ordena: "(...) sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e NÃO CUMPRIDOR, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecediço, mas FAZEDOR DA OBRA, este tal será bem-aventurado no seu feito." (Tiago 1:22-25). Não se esqueça: a fé sem obras é morta e não vai deixar de ser só porque você talvez pense o contrário.
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