top of page

1° Dia do Jejum de Daniel: Quem é o maior?



"Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus?" (Mateus 18:1).  Há momentos em que as perguntas que nós fazemos a nós mesmos ou aos outros revelam o que há de mais profundo no nosso interior. Penso que este é o caso no versículo em destaque. Os discípulos queriam saber quem era o maior, o mais importante no reino dos céus, preocupação tal que eles demonstravam com frequência, como se vê em Lucas 9.46: "E suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior." e em Marcos 10.41, que mostra a reação dos outros dez discípulos sobre a atitude de Tiago e João de pedirem ao Mestre lugares de honra no porvir: "E os dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João."

É parte da natureza humana caída o desejo de ser, ou pelo menos de se sentir, superior aos demais; nem o corpo apostólico escapou desta verdadeira praga que se perpetua até os dias de hoje

Não são incomuns os relatos de disputas no ambiente das igrejas. Está no âmago do homem o desejo latente de se sentir valorizado. Todos os seres humanos têm em si a inclinação pecaminosa que pode levar ao desejo de ser reconhecido como mais importante do que o outro; todos tem a tendência maligna da vaidade. O problema é quando este mal não é combatido e, pior ainda, quando é estimulado como se fosse uma virtude. Esta é a consequência da lógica do mundo uma vez que é transportada para o seio do templo: o valor (inclusive espiritual) de uma pessoa é medido pelo sucesso que ela obtém (ou não) segundo os critérios (muitas das vezes completamente alheios à Bíblia) dos que trazem para si a função de julgar. Afinal, quem "prega mais"? Quem é mais usado? Quem canta melhor? Quem "dá mais fruto"? Quem se veste com a roupa mais bonita? Quem é mais "estudioso" da Palavra? Perguntas que não fazem o menor sentido a partir da ótica divina são as que certamente rendem mais assunto entre os irmãos. Esta visão distorcida é capaz de gerar as cenas mais lamentáveis de ciúmes, inveja, injustiças e preconceito. Uma pena.


No entanto, não se pode negar a realidade. Tais coisas infelizmente acontecem e precisamos aprender a lidar com elas da forma que o Senhor Jesus nos ensinou; e Seus conselhos vão na exata contramão do discurso de vaidade que encontrou lugar entre nós desde a época dos discípulos. Para começar, Ele disse: "Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; e, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo;" (Mateus 20:25-27). A lógica divina é esta: aos Seus olhos, quem serve mais será maior e quem serve menos será menor. Se é fato que podemos observar que há vários casos em que, quanto maior é a posição de destaque menor é a qualidade e a quantidade do serviço prestado às pessoas, também é verdade que este não deve ser o modelo daqueles que, sinceramente, querem agradar a Deus. Nosso exemplo deve ser o do Mestre: "Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos." (Mateus 20:28).


Quem estabelece nosso valor é o próprio Deus. Através do apóstolo Pedro, diz: "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;" (1 Pedro 2:9). N'Ele, somos eleitos, santificados e separados. E isso não depende da importância que alguém lhe atribui ou deixa de lhe atribuir. A maneira que um servo é tratado pelo seu próximo não altera a forma que Ele é tratado pelo seu Senhor. Um antídoto eficaz para combater esse senso diabólico de disputa é manter os olhos em Jesus: quem faz isso conserva sua fé e não para de servir, independente das circunstâncias; quem age assim está buscando ser reconhecido por Quem verdadeiramente importa, buscando multiplicar o que verdadeiramente importa:

"Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor." (Mateus 25:20,21)

Apesar de este assunto ser muito mais extenso e profundo, quero finalizar este já longo texto com uma afirmação muito verdadeira: a maior e melhor posição que um homem ou mulher de Deus pode assumir é a de servo. Conquanto os servos possam ocupar as mais variadas posições dentro das igrejas como instituições, não são tais posições que os definem em termos de espiritualidade e tampouco influenciam seu caráter. Posição por posição Judas Iscariotes também teve e relembre como acabou a sua história. Todos sabemos da extensão do trabalho do apóstolo Paulo, das grandes revelações recebidas pelo apóstolo João e da responsabilidade do apóstolo Pedro no grupo dos doze, conferida pelo próprio Mestre; no entanto, o líder da igreja em Jerusalém era Tiago, irmão do Senhor. Se tivéssemos autoridade para fazer essa pergunta, poderíamos pensar: qual deles foi maior? A verdade é que todos eles se alegravam de assumir, após tudo quanto viveram, a posição de servos, a ponto de afirmarem: "Tiago, servo de Deus,(...)" (Tiago 1:1); "Paulo, servo de Jesus Cristo,(...)" (Romanos 1:1); "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo,(...)" (2 Pedro 1:1). Servo, servo e servo. Que sejamos todos servos de nosso Senhor Jesus, desapegados do desejo da honra deste mundo, ferozes combatentes da vaidade e do orgulho e sempre dispostos a servir ao nosso semelhante, que é maior ato de grandeza que somos capazes de realizar.

 

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Obrigado por enviar!

bottom of page